A cotação do dólar, um dos principais indicadores econômicos do Brasil, voltou aos holofotes recentemente.
Na última quarta-feira (18), a moeda norte-americana atingiu a marca histórica de R$ 6,267, o maior valor nominal de fechamento já registrado.
Apesar da queda no dia seguinte, com o dólar encerrando a quinta-feira (19) em R$ 6,12, o impacto foi significativo e reascendeu debates sobre sua gestão no governo atual e anterior.
Mas o que o Partido dos Trabalhadores (PT) dizia sobre o dólar durante o mandato de Jair Bolsonaro? E como está reagindo agora, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva?
Críticas do PT durante o governo Bolsonaro
Em maio de 2019, quando o dólar alcançou R$ 4,11, a conta oficial do PT no X (antigo Twitter) não poupou críticas.
Uma postagem afirmou: “Quem achou que poderia ir para Disney com o novo governo se enganou. Com Bolsonaro, Real afunda em relação ao dólar…”.
A mensagem apontava a estagnação política e o risco para investimentos externos como os principais fatores para a alta.
Até 2020, o dólar subiu gradativamente, superando R$ 5,00. A reação do PT e de aliados foi contundente.
Paulo Pimenta, então deputado federal, chamou o aumento de “AI-5 do Paulo Guedes”, responsabilizando diretamente o ministro da Economia de Bolsonaro.
Zeca Dirceu, também deputado, chegou a afirmar que a “incompetência e a má fé” do governo eram os culpados pela situação.
Outros partidos da esquerda, como o PSOL, também ironizaram a alta do dólar. A deputada Erika Hilton sugeriu que “gritar ‘Fora Dilma’ faria o dólar cair para menos de R$ 1”.
Guilherme Boulos, uma das lideranças do partido, foi mais direto ao acusar a política econômica de Bolsonaro de causar estagflação – combinação de estagnação econômica e alta da inflação.
O discurso atual do PT sobre o dólar
Sob o comando de Lula, o governo atual enfrenta críticas semelhantes, mas adota um discurso diferente. Na última semana, a cotação recorde do dólar foi atribuída a fatores externos e à especulação financeira.
A conta oficial do PT no X publicou que a alta foi resultado de uma “reação irresponsável do mercado financeiro” às medidas fiscais anunciadas.
Paulo Pimenta, agora ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, reforçou essa visão em um vídeo.
Ele acusou especuladores de espalharem fake news sobre Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central, para desestabilizar o mercado.
Segundo Pimenta, uma das mentiras dizia que “a moeda do BRICS nos protegeria da influência do dólar”, o que não foi dito por Galípolo.
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Investigações contra especulação
A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou em cena para investigar as notícias falsas que teriam impactado a cotação.
Além disso, o deputado Zeca Dirceu protocolou um pedido no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para apurar possível ataque especulativo contra o real.
Apesar do tom de defesa adotado pelo governo, as comparações com o discurso de outrora são inevitáveis.
Durante o governo Bolsonaro, muitos dos que hoje justificam a alta do dólar como resultado de especulação e fatores externos atribuíam a responsabilidade à gestão econômica.
Memória curta da oposição?
A mudança de narrativa também envolve outros nomes de peso. Gleisi Hoffmann, atual presidente do PT, criticava duramente o dólar alto em 2020, apontando a instabilidade gerada pelo governo Bolsonaro.
Recentemente, Gleisi culpou o mercado e a mídia pela atual cotação elevada, argumentando que os especuladores “continuam apostando contra o país”.
Simone Tebet, ministra do Planejamento, também aparece no debate.
Durante a campanha presidencial de 2022, Tebet associava o dólar acima de R$ 5,00 à falta de segurança jurídica.
Hoje, a ministra adota uma postura mais discreta em relação ao tema.
Lições para o futuro
A trajetória do dólar no Brasil reflete tanto fatores internos quanto externos.
Mudanças no cenário internacional, como variações nos juros dos Estados Unidos, influenciam diretamente a cotação.
Contudo, discursos inconsistentes de lideranças políticas podem gerar descrédito e aumentar a instabilidade.
Para os brasileiros, o impacto é sentido no bolso. Produtos importados, combustíveis e viagens internacionais se tornam mais caros com o dólar alto.
Por isso, é fundamental que governos, independentemente de sua ideologia, adotem medidas que tragam confiança e previsibilidade ao mercado.
A alta do dólar é um tema que transcende gestões e requer soluções conjuntas.
Afinal, enquanto o debate político segue aquecido, quem sente as conseqüências é o cidadão comum.
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