O Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou, nesta quinta-feira (21), a emissão de mandados de prisão internacionais contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e outros líderes de ambos os lados do conflito entre Israel e Hamas.
Entre os acusados estão o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e Mohammed Deif, líder do Hamas.
As acusações incluem crimes de guerra e crimes contra a humanidade, como ataques deliberados a civis, fome induzida e extermínio.
Crimes investigados e acusações
De acordo com o TPI, há evidências de que tanto Israel quanto o Hamas cometeram graves violações ao direito internacional humanitário.
No caso de Netanyahu e Gallant, as acusações incluem:
- Indução à fome como método de guerra;
- Assassinato de civis;
- Perseguição e atos desumanos contra populações civis.
Já Mohammed Deif, líder militar do Hamas, é acusado de:
- Extermínio e assassinato de civis;
- Tortura e violência sexual;
- Sequestro e tomada de reféns.
O tribunal afirma que essas práticas constituem crimes de guerra e crimes contra a humanidade, com impacto devastador sobre civis inocentes.
Mandados e jurisdição
Os mandados de prisão emitidos pelo TPI têm validade para os 124 países que assinaram o Estatuto de Roma, incluindo o Brasil.
Isso significa que qualquer um dos acusados pode ser detido caso entre no território desses países.
No entanto, o cumprimento dessas ordens depende diretamente da cooperação dos governos nacionais, já que o TPI não possui uma força policial própria.
Embora Israel tenha recorrido contra a decisão, os juízes do TPI rejeitaram por unanimidade o recurso, reafirmando a legitimidade de sua jurisdição.
Israel não é signatário do TPI, mas os crimes investigados ocorreram em territórios reconhecidos internacionalmente, o que confere ao tribunal autoridade para julgar o caso.
Repercussões internacionais
A decisão do TPI gerou reações intensas de ambos os lados.
O governo de Israel classificou a sentença como “absurda e antissemita”. Benjamin Netanyahu declarou:
“Rejeito essa comparação nojenta entre a democracia de Israel e os assassinos em massa do Hamas.”
Do lado palestino, o Hamas criticou a decisão, afirmando que o tribunal “igualou a vítima ao agressor”.
Apesar das críticas, a Procuradoria do TPI, liderada por Karim Khan, defendeu a imparcialidade da investigação e destacou que o direito internacional humanitário deve ser aplicado igualmente a todos os lados de um conflito.
Desafios do TPI
Embora a decisão marque um avanço na responsabilização por crimes de guerra, a execução dos mandados de prisão enfrenta desafios significativos.
Países como Israel, Estados Unidos, China e Rússia não reconhecem a autoridade do TPI. Isso reduz as chances de cumprimento das ordens, especialmente em territórios fora do alcance da Corte.
Além disso, líderes israelenses e do Hamas continuam negando as acusações e questionando a imparcialidade do tribunal, o que pode dificultar a colaboração internacional.
O que está em jogo?
A emissão desses mandados de prisão destaca a gravidade das violações cometidas no contexto do conflito israelense-palestino.
Mais do que atribuir responsabilidades individuais, o TPI busca reforçar o princípio de que nenhuma autoridade está acima da lei internacional. Porém, sem apoio político e operacional, o cumprimento dessas decisões continuará sendo um desafio.
O caso também coloca em evidência o papel dos países signatários, como o Brasil, que têm a responsabilidade de garantir que as ordens do TPI sejam respeitadas em seus territórios.
Isso levanta questões importantes sobre como a comunidade internacional pode se unir para combater a impunidade e proteger os direitos humanos em meio a conflitos armados.