O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 10, durante uma entrevista à Rádio Auriverde.
Desta vez, o alvo de sua insatisfação foi o ministro Luís Roberto Barroso, que determinou o uso obrigatório de câmeras nas fardas dos policiais militares de São Paulo.
A medida foi anunciada na segunda-feira, 9, e gerou reação imediata de Bolsonaro, que questionou a competência do magistrado para interferir em decisões estaduais.
“Ué, Barroso virou governador agora?”, ironizou o ex-presidente, ao comentar a decisão judicial.
Segundo Bolsonaro, a imposição enfraquece a autoridade do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, para ele, é “um ótimo gestor”. Ele ainda ponderou: “Se fosse para o Brasil inteiro, ainda seria menos errado.
Mas por que só São Paulo?”
Apesar de divergir de Tarcísio sobre a obrigatoriedade de câmeras nos uniformes dos policiais, Bolsonaro fez questão de ressaltar que isso não abala sua relação com o governador.
“Não é motivo para brigar”, afirmou, deixando claro que mantém seu apoio ao político, considerado uma das principais apostas da direita brasileira.
A implementação de câmeras em fardas é uma medida que vem sendo discutida amplamente no país.
Defensores argumentam que a tecnologia pode aumentar a transparência nas ações policiais, protegendo tanto os cidadãos quanto os próprios agentes de segurança.
Por outro lado, críticos, como Bolsonaro, enxergam a medida como uma interferência no trabalho policial e na autonomia dos estados.
Durante a entrevista, Bolsonaro relembrou outras decisões do STF que, em sua visão, extrapolam as competências do tribunal.
Ele mencionou a proibição de operações policiais em comunidades durante a pandemia, determinada pelo ministro Edson Fachin.
Para o ex-presidente, essa decisão, ainda em vigor, prejudicou o combate ao crime organizado em diversas regiões do país.
“O STF quer legislar e executar ao mesmo tempo. Onde isso vai parar?”, questionou Bolsonaro, reforçando seu histórico de críticas ao Supremo.
Ele também comparou o episódio atual ao que chamou de “intervenções excessivas” em governos anteriores.
Além das críticas ao STF, Bolsonaro comentou sobre as recentes investigações envolvendo sua residência em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
Na semana passada, o jornal O Globo revelou a existência de um contrato de reforma no valor de R$ 900 mil no imóvel. A matéria levantou suspeitas de lavagem de dinheiro, o que foi prontamente negado pelo ex-presidente.
“A Polícia Federal fez busca e apreensão nos meus imóveis e na sede do PL em Brasília.
O objetivo é me constranger”, disse Bolsonaro.
Ele afirmou que possui todos os comprovantes da transação e que os valores foram devidamente declarados em seu Imposto de Renda.
“Isso é mais uma tentativa de ligar meu nome a algo ilícito, mas não vão achar nada porque não tem nada”, concluiu.
A decisão de Barroso sobre o uso de câmeras em fardas gerou debates não apenas entre figuras políticas, mas também na sociedade civil.
Organizações de direitos humanos e especialistas em segurança pública elogiaram a medida, apontando que ela pode reduzir abusos de autoridade e proteger os policiais de falsas acusações.
No entanto, críticos argumentam que a obrigatoriedade pode burocratizar o trabalho das forças de segurança e criar novos custos para os estados.
Para Bolsonaro, a questão vai além da tecnologia e da segurança.
Ele acredita que medidas como essa demonstram uma tendência de interferência crescente do Judiciário em assuntos que, na sua visão, deveriam ser tratados exclusivamente pelos Executivos estaduais.
“Se o Judiciário continuar avançando sobre as atribuições dos outros poderes, estamos caminhando para um desequilíbrio institucional grave”, alertou.
A entrevista de Jair Bolsonaro à Rádio Auriverde reflete seu estilo combativo e sua disposição para criticar decisões que considera inadequadas.
Ao mesmo tempo, reforça a polarização em torno de temas como segurança pública e a relação entre os poderes.
Enquanto isso, a sociedade brasileira segue acompanhando os desdobramentos, dividida entre os que apoiam as medidas de controle e transparência nas ações policiais e aqueles que defendem maior autonomia para os governos estaduais.
O que parece certo é que a discussão sobre o equilíbrio de poderes no Brasil ainda está longe de um consenso.
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