Uma situação alarmante envolvendo discriminação e invasão de privacidade foi denunciada por uma jovem transexual de 18 anos em Osasco, região metropolitana de São Paulo.
Marianna Lively, estudante de Administração, relatou ter sido constrangida durante o processo de alistamento militar, com imagens suas e de seus documentos pessoais sendo compartilhadas em grupos de WhatsApp por um cabo do Exército.
O incidente ocorreu no complexo militar de Quitaúna, em Osasco. Durante o procedimento, fotos da jovem em pátio do quartel e de seu certificado de alistamento militar foram tiradas sem o seu consentimento.
Os documentos incluíam dados sensíveis, como nome de registro e número de telefone.
Segundo Marianna, as imagens foram divulgadas em grupos de WhatsApp acompanhadas de mensagens ofensivas e zombarias.
"Peguei gato por lebre, muitos só descobriram na hora do alistamento militar kkkk #billão", dizia uma das mensagens que viralizou nas redes sociais.
A jovem registrou um boletim de ocorrência em Barueri, cidade onde mora, e relata os impactos emocionais que sofreu após a exposição.
"Recebi dezenas de ligações com piadas e cantadas. Alguns desligavam, outros me humilhavam. Foi um momento muito difícil para mim e minha família", declarou.
Após o vazamento, Marianna voltou à base militar acompanhada de sua mãe e conversou com um capitão.
Segundo ela, o oficial pediu desculpas e prometeu que medidas seriam tomadas. No entanto, a jovem afirma esperar punições severas ao responsável pelo vazamento.
A advogada da estudante, Patrícia Gorisch, planeja registrar uma ação na justiça militar e acionar a corregedoria.
Também será solicitada uma liminar para que plataformas como Facebook e WhatsApp removam as imagens e coíbam sua redistribuição.
De acordo com Marianna, casos como o dela não são isolados.
A jovem recebeu mensagens de outras transexuais que passaram por situações semelhantes durante o alistamento. "Muitas esperam passar da idade de obrigação militar para se assumirem como trans.
O ambiente é hostil e cheio de preconceitos", afirmou.
Esses relatos reforçam a necessidade de um debate mais amplo sobre a inclusão e o respeito à diversidade dentro das Forças Armadas, que devem se adaptar para lidar com a pluralidade da sociedade brasileira.
João Carlos Campanini, professor de Direito Constitucional Militar, afirma que o cabo envolvido pode responder por violação de sigilo funcional, crime previsto no Código Penal Militar. A pena para esse tipo de conduta pode chegar a dois anos de prisão.
Além disso, o Exército pode ser processado civilmente por danos morais devido à exposição indevida de dados pessoais da jovem.
Marianna revelou que o episódio trouxe consequências graves para sua saúde mental e familiar. "Chorei muito, e minha avó chegou a passar mal. A pressão dela caiu quando soube o que aconteceu. Sempre enfrentei preconceito, mas nada nesse nível", desabafou.
O caso também destaca a vulnerabilidade de pessoas transgênero em situações burocráticas e sociais. Apesar de avanços nos direitos LGBTQIA+, ainda existem lacunas na aplicação prática dessas garantias.
Para evitar que casos como o de Marianna se repitam, é essencial que:
Casos como esse reforçam a importância de combater o preconceito e garantir que todos sejam tratados com respeito e dignidade.
O alistamento militar, obrigatório para jovens brasileiros, deve ser um processo seguro e igualitário, independentemente de gênero ou orientação sexual.
Para Marianna, o caminho é buscar justiça. "Quero que isso sirva de exemplo e que ninguém mais passe pelo que eu passei. Merecemos respeito, nada mais", concluiu.
Aproveite para compartilhar clicando no botão acima!
Visite nosso site e veja todos os outros artigos disponíveis!